quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

nunca paguei um aluguel

na vida.  não gosto da instituição capitalista de pagar por algo que não é nem nunca vai ser meu . quando começava a pagar em vários lugares do mundo, terminava ficando nervoso e atrapalhado e desistia de calcular a grana devida no orçamento do mês,saía sem pagar , deixava para trás. sempre gostei da liberdade de não dever nada a ninguém não trabalhar com gente chata não me incomodar, trabalhar em alto astral etc. fazia isso em todos os países pelo qual passei, ia deixando para trás gente chata e contratos de aluguel capitalistas. mas também deixei , não, tenho ainda muitos amigos e amigas do coração .


a propriedade devia ser dividida como na frança , na revolução francesa. com o assassinato dos nobres a galera invadiu casas enormes , palácios e alojou várias famílias e pessoas. por isso até hoje muitos edifícios que antes eram palacetes, não tem banheiros suficientes para todo mundo chuveiro etc pois era um por andar do palácio.


cada vez que eu me livrava de um trabalho onde havia gente chata, um mala que fosse, sentia uma liberdade e felicidade imensa , um renascer de fênix. a média que eu aguento um trabalho é seis meses . quando renasço nesse caso é uma página em branco pronta para ser escrita. deixo amigos muitos mas não ter  aqueles chatos, os outros perto de mim é uma grande felicidade.

o melhor é trabalhar sozinho ser seu próprio patrão, no meu caso vendas. vendo minhas obras de arte pelo mundo há anos cds comigo e bandas cantando e livros escritos por mim, quadros, e filmes ficcionais que faço sempre com grandes artistas e atores.

uma vez em lisboa sem ter o que comer vendi os 2 últimos cds para as hare krishna italianas que serviam o rango lacto-vegetariano gratuito para os mendigos, no caso eu também , quase, na estação de trem , gare  santa apolônia.

outra vez queria chegar até a guiana francesa pois nasci com passaporte francês então ia vendendo poemas, acrósticos com o nome das pessoas, no caso a namorada dos malucos que encontrava nos barcos que faziam o transporte em torno de marajó. geralmente ela não estava presente senão por motivos óbvios podia dar briga. vendia por um real ou mais , para comer e o transporte. por exemplo :


Mais bela que você não existe meu amor
Ainda que eu tenha zanzado pelos quatro cantos da terra no meu caminhão
Recolhendo saudades e lembranças
Indo do Oiapoque ao Chuí
Não encontrei colo mais perfumado nem anca mais atraente
Até teus seios me olharem e eu ficar hipnotizado
Linda do meu coração teus olhos tua alma e teu cheiro são meus
Vou nesse barco ao teu encontro : minha felicidade
Agora voo sobre as águas pássaro aquático leva mais rápido meu corpo cansado aos braços de mina amada.


E por aí , nesse estilo, no caso dava Marinalva, nome da amada do meu cliente .

E assim de golpe em golpe eu ia com Pedro Malasarte.

Quando conseguia cruzar a fronteira do Rio Oiapoque, o Oyapock , para os franceses numa catraia , 10 reais na época , sem camisa, mais uma vez a sensação de liberdade e invulnerabilidade absoluta.

Antes um café com leite e alguns pãezinhos doces na padaria do Oiapoque, cidadezinha , e depois pagar 40 euros na época, de Saint Georges de l'Oyapock até Cayenne.

Aquela floresta infinita, Amazônia, na frente da janela, do alto do meu hotel . era algo majestoso, me sinto colega de Corto Maltese, por consequência de Hugo Pratt.

Minha camiseta psicodélica, comprada em Lisboa, anos atrás, com a qual escrevo hoje é minha companheira inseparável nessas viagens.

Lia Blaise Cendrars , outro companheiro, saindo do Afuá, uma vez. Algodoal, Kourou , Jericoacara, saudades tenho que voltar lá logo.


...


Um comentário:

Beto Palaio disse...

"Ideias incolores verdes dormem furiosamente" Noam Chomsky (Abraço Etti, você é um grande colorista das palavras)

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