Viagem às Guianas - 2:
Aquele nascer do sol maravilhoso, sobre o oceano sem ondas, marrom, das águas do Amazonas, me trazia uma esperança infinita, como a bonança depois da tempestade, uma calma, uma força, e mais um momento que eu sabia inesquecível.
Mas mesmo assim minha barriga roncava, não tinha certeza de como comeria naquele dia. Iria à cidade, uns 6 quilômetros a pé, com a mochila pesada nas costas, tentar vender os livros escritos por mim. Em geral eu conseguia e podia comer, mas não tinha o suficiente para pagar a pousada, caríssima em Cayenne.
Dormia então na praia, na praia do Novotel.
Depois de tomar um banho de mar para acordar, nesse dia, passa um cara com cara de brasileiro na minha frente.
Acho que senti que sua vibração era muito boa.
- Aí , tu não é brasileiro ?
- Sou. Como é teu nome ?
- João.
- O meu é Etienne, sou filho de francês.
- Ah, então tu tem passaporte vermelho?
- Tenho.
- Então tu tá tranqilo ( sem u mesmo ). Aí pinta lá no carbet no canto da praia, vai sair um peixe, daqui a pouco.
( Eu devia estar com cara de fome. )
- Beleza, vou terminar de ler o que estou lendo e já venho.
( Na verdade, era uma tática minha, sendo minha verdadeira vontade, a de sair correndo ao lado dele em direção ao peixe ! )
(Continua...)
ETIENNE BLANCHARD: (Artista, bacharelando em letras francês. Sonhador , realizador, buscador e encontrador de trevos de 4 folhas. Livros: A Serpente, A Carruagem Branca, Paz 1 Voo Possível, Terres du Dehors, O Melhor da Festa. CD com banda : ESTRADA - LA ROUTE TZIGANE. Ama viajar e estar no palco. Ama o amor a aventura a arte a água e outros As.)
(etti.blanchard@gmail.com)
A árvore que chora
A árvore chora no parque, entre outras árvores indiferentes à árvore que chora. Derrama seu choro verdemarrom; escorre a seiva das feridas do tronco esbranquiçado da árvore que chora.
Eu passo pelas ruas da cidade, passo em frente à árvore que chora. Os passantes passam por mim, indiferentes ao meu choro interior, indiferentes às semilágrimas, aos olhos quaseinchados, ao nariz quasevermelho, ao meu todoamor que se foi, que passará por outras quaserruas de outras semicidades para encontrar outros meiosbraços quem sabe. Presa à terra por minhas raízes, sabendo meu todoamor a plantar meiassementes em umas quaseterras e a colher outros semifrutos, derramo minha seiva não menos densa. O peso é tanto... A árvore que chora tem copa?
Sem figura
Ando hora de coração pesado
pelos resquícios de um amor agonizante
que ainda teima em machucar
Ando hora de sorriso nos lábios
pela sensação de que algo novo paira no ar
Amizade, amizade, que te posso mais oferecer
Além do desejo profundo de que encontres
se não nos meus braços
em outros abraços a Felicidade?
Eu também aos poucos alço voo
Guardo minha tenda, arrumo minha bagagem
Vou em busca de outras paragens, outros encontros
Enquanto buscas os teus
Não me perco nem me acho sozinha
Tua carência também era minha
Teu coração é que não entendeu
Poetas, tenho agora mais de um!
Não me interessa se famosos ou não
Doarei meus poemas àquele que fizer sorrir
(e não chorar!)
meu coração.
Flor-de-Lis ( Flor de Lis é Terra, é Mar, é Lua sempre fria e Sol sempre quente. Flor de Lis sou eu.)
(flordelis.malta@gmail.com)
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